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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Implantação da Educação Ambiental na Comunidade Entorno do Parque São Bartolomeu




INTRODUÇÃO
Apesar do Meio Ambiente ser entendido como um conjunto dos recursos naturais e suas inter-relações com os seres vivos, é comum este conceito ser associado ao "verde" da paisagem, a "natureza" ou " vida selvagem". Com isso é esquecido os recursos hídricos, as questões relativas à poluição do ar, relegando a um segundo plano o meio ambiente urbano, que nada mais é que a natureza modificada pelo homem. Chegando mesmo a esquecer que o homem é parte ativa do meio ambiente em que vive.
Os jovens atuais vivem a dura realidade da degradação ambiental. Com isso, também não podem entender de que modo a má condição ambiental reflete em doenças, desequilíbrio, má qualidade de vida, em outras palavras não conseguem entender de que modo tudo está inter-relacionado na imensa teia da vida.
Cada nova geração se depara com mais destruição da natureza, com graves mudanças climáticas, com novas doenças, com a extinção progressiva de espécies de animais e vegetais e com o risco de extinção da raça humana. No entanto, não lhes é ensinado diretamente que esses fenômenos são resultados do comportamento humano, base nos valores vigentes. Assim, aprendem a projetar o seu futuro e atuar na vida segundo o mesmo modelo, conceito e padrões vigentes. Tudo que recebem em termos de informação sobre a questão ambiental são normas de conduta "ecológica", do tipo, "não jogar lixo na rua", " não cortar árvores". Aprender a produzir trabalhos escolares com base nesses temas, principalmente no dia mundial do meio ambiente, no dia da árvore, etc. Isso não é Educação Ambiental, apenas uma parte muito pequena da mesma.
É necessário ampliar muito o fornecimento de informações, mostrando que é preciso estabelecer uma nova relação de carinho e respeito à natureza, pois a destruição ambiental vigente demonstra o péssimo exemplo que os seres humanos tem dado. Mas principalmente, fazer com que todos compreendam que a condição do meio ambiente é um reflexo do próprio comportamento do homem. A isso se chama de Consciência Ambiental, que deve ser o resultado e o paradigma da Educação Ambiental.
O desafio da verdadeira educação ambiental no Parque São Bartolomeu é mostrar a comunidade que a salvação do planeta não está na continuidade do modelo industrial exportador e destrutivo, mas em outra direção, talvez radicalmente oposta.
É desse modo que o Projeto ÀGORA deve ser dirigido na busca de soluções para a crise ambiental.

CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE IMPLANTAÇÃO
O Projeto ÀGORA será realizado no município de Salvador, na região de Pirajá localizada na parte oeste da Baía de Todos os Santos, tendo com acesso marítimo a Enseada do Cabrito, e por terra a antiga Estrada das Boiadas, hoje BR 224. De ocupação muito antiga, caracteriza-se historicamente como um lugar estratégico de penetração para o interior, isto é da comunicação de Salvador com o Recôncavo baiano. Foi palco de muitas lutas de resistência: dos portugueses contra os "invasores" holandeses, em 1626; dos brasileiros contra os portugueses na luta pela Independência, em 1823; dos escravos contra os seus senhores, entre os anos de 1826 a 1835; e atualmente dos moradores contra a degradação ambiental.
Para que se entenda a importância da escolha do local é preciso que se diga que Salvador foi a primeira capital do Brasil quando colônia portuguesa, e a cidade que recebeu o maior contingente de africanos naquela época, na condição de escravos. Hoje é a cidade mais negra fora do continente africano, com 80% da sua população de negros, descendente de africanos. Há em Salvador, um forte movimento social de afirmação das tradições africanas, que paradoxalmente está classificado como o movimento de minoria. Tal movimento abrange reivindicações por direito sociais; combate ao preconceito racial; preservação da cultura afro-baiana; e também o reconhecimento do povo africano como um agente civilizador, tanto quanto o branco europeu. E, claro como não poderia deixar de ser numa sociedade de consumo, a imagem para exportação da Bahia é a cor negra, com o produto turístico do chamado publicamente "axé-music" ou o jogo-dança da capoeira.
Vale a pena ressaltar que tais características foram assim tão bem relatada, pois o espaço urbano, onde se desenvolverá o Projeto ÀGORA é um espaço hoje fortemente marcado pela presença de práticas das religiões afro-baianas, sincretizada com a religião indígena. Do ponto de vista pedagógico, uma proposta de Educação Ambiental não pode prescindir do conhecimento, o mais amplo possível, das raízes, sobretudo as culturas, do espaço onde se inserem os educandos. Por isso a apresentação da história de Salvador é tão importante.

POR QUE O PARQUE SÃO BARTOLOMEU?
A escolha se deu por ser o Parque São Bartolomeu um símbolo que marca profundamente a identidade do povo baiano e ao mesmo tempo expressa as contradições e desafios da cidade de Salvador na atualidade. Além de constituir um santuário ecológico e religioso cujo o abandono e a crescente degradação, representa para o subúrbio, a perda de um dos últimos espaços de lazer e para os terreiros de Candomblé, a perda de um sítio sagrado, para a cidade, um dos raros monumentos relacionados à resistência de índios, negros e brasileiros contra a opressão.

A CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA
Imbuídos do desejo de educar para a responsabilidade, transformando os indivíduos em consumidores moderados, de criar uma consciência ambiental de que o ser humano é dependente da Natureza e sua sobrevivência, enquanto espécie, depende do tratamento que dispense a ela. Sem esquecer também, da educação voltada para a solidariedade e o respeito, convertendo a relação do meio ambiente em uma questão ética, pois a relação do indivíduo com o seu entorno, hoje vigente, tem raízes em formas de pensar, visões de mundo, tais como entender o desenvolvimento como crescimento ilimitado; associar o bem estar ao consumo; converter os recursos naturais em bens estritamente econômicos; ou atribuir ao homem o papel de conquistador e dominador da natureza. Fez com que o Projeto ÀGORAganhasse corpo.
Tais propostas correspondem a uma leitura das virtualidades do Parque e do necessário entrelaçamento entre as questões sociais e ambientais, da idéia da inseparabilidade entre o destino do Parque e da população do seu entorno, do homem e da natureza.
Finalmente, a proposta se nutre da experiência daqueles que estão imersos e comprometidos com a causa de tornar cada cidadão em gestor do lugar onde vive, independente do apoio dos órgãos públicos, construindo assim um novo sistema de valores e crenças.

METODOLOGIA
Partindo do objetivo maior, formar o cidadão em gestor do lugar onde vive, a metodologia adotada não poderia prescindir a democracia, que tem como auge a formação e regate da cidadania. Por isso a memória e o imaginário fundamentam a ação pedagógica e a pesquisa-ação o eixo metodológico.
A montagem do trabalho metodológico se concentra nas realidades de vida mais imediata. O conhecimento da realidade é produzida a partir das experiências dos indivíduos e suas trajetórias pessoais. O objeto de estudo, é, portanto, a memória: dos alunos, dos professores dos moradores, sobretudo os mais antigos. Trabalha-se a memória oral e escrita. Articulando seus conteúdos mais globais, numa perspectiva interdisciplinar.
O currículo é um processo de criação, focado no interesse do aluno e constituído de forma coletiva. Os professores sistematizarão os interesses dos alunos, delimitarão objetivos e temáticas das diferentes áreas do conhecimento e articularão os conhecimentos popular e científico; decidirão quais são os objetivos a alcançar e determinarão uma forma sistemática, seqüencial e acumulativa; desenvolverão um sistema de pesquisa; e proporcionarão orientações em uma situação real.
Um currículo assim, integrado por completo, faz com que os alunos desenvolvam conhecimentos, conceitos, técnicas e atitudes em um contexto pleno de sentido, ao mesmo tempo em que transformam os professores em um pensador.
O re-conhecimento desta realidade mais imediata resulta em um diagnóstico, e identificação de problemas, cujos conteúdos são, enfim, transformados em atitudes pedagógicas como jornais, murais, vídeos, peças teatrais e projetos de intervenção.
Neste processo, professores e alunos são levados a responder de forma ativa e autônoma os problemas de seu entorno. Abandonando uma postura passiva e exercitando-se como cidadãos gestores do seu espaço, elaborarão e executarão projetos de intervenção, concretizando assim os objetivos: de um conhecimento de lugar; de possibilidade da ação individual e conjunta da comunidade escolar, e, consequentemente, de recriação dos vínculos com o seu lugar.
No que se refere particularmente no âmbito educativo, essa pedagogia atribui à escola um papel de espaço de reflexão do processo de socialização das crianças e jovens, recupera a dimensão criativa do professor; e cria vínculos inestimáveis com a comunidade na qual se insere.

ORÇAMENTO
O Projeto ÀGORA contará com o apoio das escolas públicas e privadas, de pequeno e grande porte, associação do bairro, igreja Católica e terreiros de Candomblé da comunidade do subúrbio ferroviário de Salvador, juntamente com os órgãos públicos competentes.

CRONOGRAMA
O Projeto ÀGORA será implantado nas escolas públicas e privadas de pequeno e grande porte da região do subúrbio ferroviário,terá a mesma duração do ano letivo, atingindo seu apogeu na concretização das propostas aqui apresentadas.

CONCLUSÃO
Sem a utopia de que a Educação Ambiental possa representar a solução dos problemas ambientais vigentes, cabe ao homem, refletir qual a sua contribuição para tais problemas.
A Educação Ambiental traz uma pedagogia de integração reconstituindo o sujeito fragmentado pelo individualismo do mundo contemporâneo. Pode incontestavelmente levar os indivíduos a responderem de forma ativa e autônoma às solicitações impostas pelo seu meio abandonando, portanto, uma postura passiva ou de impotente insatisfação.
Na medida em que recupera a dimensão criativa do ensino-aprendizagem, forma indivíduos mais críticos e atuantes. Envolvidos em situações concretas, as crianças exercitam as sua cidadania e não somente aprendem como ser cidadãos quando adultos.
Transpondo os entraves entre os saberes popular e científico, essa pedagogia torna alunos e professores mais conscientes do seu papel histórico enquanto produtores de conhecimento.
A articulação entre reflexão tem como decorrência uma nova noção de cidadão gestor do seu lugar que incorpora uma nova compreensão da dependência existente entre as esferas públicas e privadas, no dia-a-dia do cidadão.
Além disso, esta é a particularidade da Educação Ambiental,com a re-descoberta dos lugares, vincula o ser humano com a Natureza, construindo um novo sistema de valores e crenças, tomando como seu o lugar onde vive.

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