Postagens populares

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

UMA BREVE HISTÓRIA DE ODI MEJI!





Odi Meji disse: "Metolõfi, por avareza, não quis sacrificar um boi, de malhas brancas e a morte veio buscá-lo."

Quando Ifá estava ainda no ventre de sua mãe, pediu que seu pai pegasse um boi malhado de branco e oferecesse em sacrifício, a fim de evitar que dentro de três anos, uma guerra viesse dizimar o seu reino. Seu pai negligenciou o sacrifício e no dia do nascimento de Ifá, seu pai morreu e sua mãe foi capturada como escrava.

Três anos depois, a guerra arrasou o pais e Ifá mandou que Ajinoto, a parteira, o encerrasse dentro de uma cabaça, de forma que ninguém o pudesse ver. A parteira foi encarregada também, de avisá-lo logo que alguém passasse por perto, para que ele revelasse ao passante, a causa de seus sofrimentos e os remédios e sacrifícios que resolveriam todos os seus problemas.

Tudo ocorreu da forma como Ifá planejara e o homem que passou naquele local, não hesitou em levar para sua casa, a cabaça onde Ifá havia sido encerrado.

Para deslumbramento de todos, Ifá, de dentro da cabaça, dava conselhos, receitava medicamentos e resolvia os mais difíceis problemas.

Um dia, Ifá ordenou que alguém se dirigisse ao mercado onde, pelo preço de quarenta e um cauris, deveria comprar sua mãe que estava sendo vendida junto com outras escravas. "A primeira mulher que for oferecida deve ser comprada, pois esta é minha mãe".

Naquela época, Ifá costumava aceitar sacrifícios humanos no festival de Fanuwiwa.

Quando a escrava adquirida no mercado foi trazida, Ifá ordenou que lhe fosse entregue certa quantidade de milho, para que pilasse e transformasse em farinha destinada à preparação do amiwo.

Enquanto pilava o milho, a mulher ouvia os consultantes invocando Ifá, "Orunmilá! Akefoye! Agbo wi dudu nu do fe to!" (Orunmilá! Akefoye! Se teu nome é Ifá, jamais esquecerás de mim!). Reconhecendo em Ifá o seu próprio filho, a pobre mulher pôs-se a cantar em voz alta a saudação que ouvia: "Orunmilá! Akefoye! Agbo wi dudu nu do fe to!"

As pessoas contaram a Ifá sobre a mulher que cantava aquela saudação enquanto pilava o milho e Ifá ordenou que ela largasse aquele trabalho e que, no dia seguinte pela manhã, chamasse por ele, junto com seus fiéis, para que pudesse mostrar a todos de que forma deveria ser correctamente alimentado. Ordenou ainda, que fosse preparado um akpakpo e dois panos brancos de cabeça denominados kpokun abuta, proibindo a todos de olharem para aqueles objectos.

Como Ifá vivera até então, fechado dentro de sua cabaça, jamais havia sido visto por ninguém. Quando todos se afastaram, Ifá saiu de sua cabaça coberto por um grande chapéu, vestindo um avental de pérolas e calçando sandálias, indo sentar-se no alto de um tripé de onde gritou: "Olhem bem, sou eu Ifá! que ninguém viu jamais... A mulher que mandei comprar no mercado de escravos, deve ser trazida até aqui!"

A mulher foi trazida à sua presença e Ifá mostrou-a a todo mundo, dizendo: "Olhem bem, esta é minha mãe! Quando eu estava no seu ventre, determinei que meu pai deveria sacrificar um boi malhado de branco, para evitar malefícios que já estavam previstos, mas meu pai não atendeu minha orientação e todo mal acabou por se concretizar.

Tanto tempo se passou e eu comprei esta escrava para ser sacrificada em minha honra. Entretanto não sacrificarei, não poderia trair minha própria mãe, mesmo que ela me tenha traído."

Dito isto, ordenou que cortassem os longos cabelos de sua mãe, que envolvessem sua cabeça com um belo torso branco e que a instalassem sobre a almofada akpakpo. Depois pediu um boi e um cabrito para serem sacrificados. Com a farinha moída por sua mãe, mandou preparar um amiwo para ela, que não poderia ser comido em sua presença.

Desta forma, assentada sobre um akpakpo, transformou-se ela em Nã, mãe de um rei.

Aos jovens que prepararam as carnes do boi e do cabrito, assim como o amiwo, ordenou que fosse dado uma parte de cada coisa, para que comessem depois da cerimônia.

Depois das cerimônias de Nã, aqueles que prepararam os alimentos a ela oferecidos, recebem uma pequena parte destes alimentos, parte esta que recebe o nome de kle ou kele e que só pode ser consumido depois que o Vodun for servido. (Este rito acompanha as cerimônias às Divindades Nagô sob o nome Atowo e as divindades Fon sob o nome de Nudide).

A mãe de Ifá disse então a seu filho que sentia-se muito envergonhada pois não merecia tantas honrarias e que naquela dia iria encontrar-se em Lõ (local para onde vão os espíritos dos mortos), com seu finado esposo.

"A partir de hoje, quando fizerem uma cerimónia em minha honra, digam: "Nã Kuagba! (Nã seja bem vinda!) e virei receber as oferendas." Disse a mulher.

Nã disse ainda, que faria o Sol tornar-se mais brando ou mais quente, comandando-o de cima de seu akpakpo.

A partir de então, realiza-se sempre o ritual de Xe Nã (dar comida a Nã), quando terminam os festivais Fanuwiwa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário