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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

RUNJEVE(SEGREDO DOS ´´FONS´´









O Hùngevè é o fio de contas sagrado da nação jeje e fõn. Ele representa o elo entre o orum e o aiye. É o fio de conta da vida e da morte, símbolo do próprio céu,do mundo espiritual,invisível e transcendente, o séu cósmico particularmente em suas relações com a terra,somente vodunsis recebem o Hùngevè, temos visto ogans e ekedis usando erradamente o Hùngevè, quando o iniciado torna-se um vodunsi, ele recebe o Hùngevè pois acaba de nascer no mundo do santo, quando o vodunsi morrre, o rungebê vai com ele pois ele nos liga ao orum,nos traz o orum,e nos leva de volta ao orum, temos observado no Rio e em São Paulo, erroneamente, algumas casas de santo darem o Hùngevè aos seus filhos de santo somente na obrigaçao de sete anos. Cabe aqui uma pergunta de uma velha doné de Salvador(do bogúm) ao relatarmos esse fato--oxente? vocês no rio e em sumpaulo só nascem aos sete anos é?

A preparação de um Hùngevè é igual ou maior que a feitura de um vodun incluindo, obrigações, cúrráns, zandros (efún) e mójúbas, etc. O poder do Hùngevè ultrapassa a mente humana, ele sempre nos avisa quando vai acontecer algo de muito grave. Na vida daquele vodunsi ou no kwe (casa), a voz do Hùngevè está num grande segredo da nação jeje efõn, é um segredo guardado a sete chaves,cada Hùngevè confeccionado pertence àquele vodunsi e em hipótese alguma, pode ser usado por outra pessoa nem tocado por outra pessoa e quando um Hùngevè arrebenta ele tem que passar por todo um processo especial para ser reenfiado. A confecção de um Hùngevè segue características rígidas, deve ter a quantidade certa de miçangas entre os corais e seu fechamento também é um só. Não se fecha Hùngevè com contas na cor do santo do yao e sim como se deve ser. Temos visto em alguns candomblés o Hùngevè enrolado no pescoço, esta é uma atitude que quebra todo o seu significado sagrado. A quantidade de corais que compõem um Hùngevè,ao contrario que muitos pensam, não é fixa, o comprimento de um Hùngevè, varia de acordo com a altura da pessoa, devendo sempre está um pouco abaixo do quarto chacra, em alguns seguimentos jeje ou fõn ,encontramos o Hùngevè composto por três seguis, um no pescoço, um no coração e outro no humbigo . O Hùngevè é composto de contas, coral e segui; o coral é a árvore das águas, participa do simbolismo da árvore (eixo do mundo) e do simbolismo das águas profundas, origem da vida no mundo. Sua cor vermelha tem simbolismo com o sangue,segundo uma lenda grega, o coral teria surgido das gotas de sangue derramado pela decapitação da medusa, o simbolismo do coral tem tanto a ver com sua cor, quanto com a rara particularidade que tem de fazer coincidir,na sua natureza, os três reinos: animal,vegetal e mineral. Devemos lembrar também,do simbolismo guerreiro da cor vermelha,como símbolo da árvore da vida e das águas profundas, onde faz o elo entre vida e a morte. Sua cor vermelha é o símbolo universal do principio de vida,com sua força,seu poder e seu brilho,cor do fogo e do sangue,representa não a expressão, mas o mistério da vida e da morte. Um lado seduz, encoraja, provoca, o outro lado alerta, detém, incita á vigilância, este é com efeito,ambivalência do vermelho do sangue profundo escondido. Ele é a condição da vida, espalhando o significado da morte, o azul do segui, é mais profunda das cores, nele, o olhar mergulha sem o azul do segui, é a mais profunda das cores, nele, o olhar mergulha sem encontrar qualquer obstáculo, perdendo até o infinito. É também a cor mais imaterial e fria em seu valor absoluto, a mais pura, à exceção do vazio total do branco neutro. O conjunto de suas aplicações simbólicas depende dessas qualidades fundamentais aplicada a um objeto, a cor azul suaviza as formas, abrindo-as e desfazendo-as, desmaterializa tudo aquilo que dele se impregna, é o caminho do infinito, onde o real se torna imaginário.

Embutido no azul do segui, como podemos observar, há uma enorme simbologia religiosa e cósmica no nosso Hùngevè.



Quando da obrigação de sete anos, o agora Sacerdote adquire adornos que o identificam como tal: o Brajá, o Âbar, o Monjoló, os corais, as contas africanas multicoloridas e o alabastro. Mais do que isso, ganha a liberdade total de criar os seus próprios fios, seja no tamanho das contas, na riqueza dos detalhes ou dos próprios materiais a utilizar (ouro, prata, etc.). O Sacerdote já conhece os seus “fundamentos”, por isso ganha essa liberdade.



O Sacerdote deve ser um exemplo para o Iaô, principalmente no que diz respeito ao manuseamento de sua própria liberdade e a adequação às situações, dentro e fora da comunidade. A confecção e utilização dos fios-de-contas deve ser sempre um exercício da criatividade, mas também deve corresponder a uma estética própria do candomblé que preserva através de seus objetos a sua própria história; inovações excessivas ferem a justa medida e tornam-se inadequadas, uma vez que os objetos são importantes instrumentos de apoio à manutenção da tradição oral.


" Hùngevè encerra em si, o princípio e o fim, laço entre a vida e a morte"

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