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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

UM POUCO DE HISTÓRIA DO BATE FOLHA!

















BATE FOLHA NOS CAMINHOS DOS ORIXÁS!! (o inicio e orgulho de uma nação) No ano de 1881, em Salvador – BA, nasce Manuel Bernardino da Paixão. Em 1919, Bernardino iniciou-se na Nação do Kongo, pelas mãos do Muxikongo (designação das pessoas naturais do Kongo), Manuel Nkosi, sacerdote iniciado na África. E sua dijina era Ampumandezu. Quando Manuel Nkosi kufou (morreu), Bernardino procurou sua amiga Maria Genoveva do Bonfim – Mam’etu Tuhenda Nzambi, do Tumba Nsi (outra importante raiz de Candomblé de Angola) que era mais conhecida como Maria Neném. Foi com ela, que Bernardino ti­rou a Maku-a-Mvumbi (Mão do Morto), pois não havia outras casas de culto Kongo em Salvador. Como o culto de Angola possui muitas diretrizes do Kongo, acredita-se que ele tenha escolhido o Tumba Nsi por este motivo. Maria Neném era filha-de-santo de Roberto Barros Reis, escravo angolano, de propriedade da família Barros Reis, que lhe emprestou o nome pelo qual era conhecido. A cerimônia de Maku-a-Mvumbi, a qual Bernardino se submeteu, coincidiu com a iniciação de Manoel Ciriaco de Jesus, nascido em 08 de agosto de 1892, também na Bahia. A partir daí, Bernardino e Ciriaco se tornaram amigos. Ciriaco, anos mais tarde, após o falecimento de seu irmão-de-santo mais velho, Manuel Kambambi, que na época tinha casa aberta na Bahia, o sucedeu no terreiro que hoje é conhecido por Tumba Juncara (outra importante raiz de Candomblé de Angola). Com o passar do tempo, Bernardino já muito famoso, fundou o Inzo Manzo Bandukenké (Bate-Folha), situado na Mata Escura, em Salvador, Bahia. O terreno onde está estabelecido o Candomblé, é cercado de árvores centenárias e considerado o maior Terreiro do Brasil que, na época, foi presenteado à Bamburusema (lansã), seu segundo mukixi, já que o primeiro era gamgainbanda (Oxalá velho). Logo, pelas origens de Manuel Nkosi, o Bate-Folha é Kongo e, mantém o Angola, por parte de Maria Neném. No dia 04 de dezembro de 1929, Bernardino tirou seu primeiro barco, cujo Rianga (1º Filho da casa), foi João Correia de Mello, que também era de Lemba (Oxalá novo). Tat’etu Ampumandezu iniciou cinco barcos: quatro na Mata-Escura e um na casa da filha. Nesses cinco barcos ele só fez dois filhos-de-santo homens: João Correia de Mello (João Lessenge), que foi o primeiro e Bandanguame, do segundo barco. O Bate-Folha do Rio de Janeiro Por volta de 1938, João Correia de Mello, conhecido como João Lessenge (Lessengue), mudou-se para o Rio de Janeiro. Ao chegar, Lessenge foi morar na Rua Navarro, no Catumbi. Trouxe em sua companhia, alguns irmãos de santo, Mãe Ngukui, chegou mais tarde em 1952 João Lessenge conheceu outras pessoas de santo, em sua maioria oriundas da Bahia, passando então a participar dos rituais das diversas casas de Candomblé, já existentes na cidade. Teve como grande amigo e conselheiro, pai pequeno Virgílio Angorense, daí houve uma grande afinidade e algumas liturgias assimiladas do Jeje. No início dos anos 40, Lessenge comprou um terreno com aproximadamente 5.000 metros quadrados, no bairro Anchieta, fundando ali, o Inzo Kupapa Unsaba, mais conhecido como Bate-Folha do Rio de Janeiro. Quando Bernardino faleceu, Tat’etu Lessenge foi escolhido para assumir a casa, o Manzo Bandukenké, mas ele já havia fundado sua casa no Rio de Janeiro e não pode assumir a responsabilidade, que foi passada a Bandanguamê, que era de Kavungo. O terreiro de Salvador é Bate-Folha, porque o nome da fazenda que Tat’etu Ampumandezu comprou para fixar a roça, tinha esse nome. Já no Rio de Janeiro, Tat’etu Lessenge quis colocar um nome que desse referência a casa onde foi iniciado e ficou Bate-Folha também. João Lessenge tirou doze barcos, sendo o primeiro em 26 de novembro de 1944, e o último em 08 de novembro de 1969. No dia 29 de setembro de 1970, às 23:40h, morre João Lessenge, o senhor do Bonfim de Anchieta. Após o falecimento de Tat’etu Lessenge, em 1970, o Bate-Folha do Rio de Janeiro atravessou um prolongado luto. Somente em 1972, em ocasião de Luvaiu (Cerimônia de Sucessão), que o Bate-Folha do Rio de Janeiro reabriu, sendo ali investida, no cargo como Mam’etu riá Nkisi (Sacerdote Chefe), sua sobrinha e filha-de-santo, Mabeji – Floripes Correia da Silva Gomes, tornando-se, herdeira de seu tio Lessenge. Mametu Mabeji, baiana do bairro da Liberdade, chegou ao Rio de Janeiro para residir com o seu tio João Lessenge em 19 de outubro de 1946 e iniciou-se no Candomblé em 20 de abril de 1947. Está à frente do Inzo Kupapa Unsaba, há 34 anos, promovendo e preservando os ritos bantus e kongo, de um modo magistral. Kigua ao povo do Bate-Folha, à Mam’etu Mabeji. Kigua, também, àqueles que com carinho e seriedade, contribuíram para a preservação dos ritos que começaram a ser disseminados ou com Tat’etu Ampumandezu e Tat’etu Lessenge. A Tat’etu Paulo Mutaua, Mam’etu Sissime, Mametu Sambadiamongo, Mam’etu Kilu e tantos outros, que já não estão mais conosco. E kigua aos que ainda mantém acesa a chama do Angola/Kongo, Mam’etu Maza Kessy, Mam’etu Ofalamim. E tantos outros que seria quase impossível citá-los, dado o tamanho que esta família se tornou. Falar sobre essa raiz é falar sobre a história do Candomblé no Brasil. Esta Ndanji (raiz) inestimável, não sentiu a necessidade de “aportuguesar” as cantigas. Sempre procurou se aprofundar no culto, e talvez por isso aqui houve essa ketualização que ocorre em algumas casas.

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