O
JEJE DA ÁFRICA AO BRASIL
A história do desenvolvimento do império crescente do Dahomey é indispensável para compreendermos os Voduns, precisamente a quebra e a migração do Ewe/Fon.
A história do desenvolvimento do império crescente do Dahomey é indispensável para compreendermos os Voduns, precisamente a quebra e a migração do Ewe/Fon.
Alguns estudiosos da cultura africana achavam
que todos os Voduns cultuados em Dahomey eram DIVINDADES originárias dos
yorubanos. Um grande equívoco! Trata-se simplesmente de uma troca de atributos
culturais de cada região.
Em todas as regiões, as divindades africanas
são louvadas, sejam ancestrais ou vindas de outras regiões, mas
preferencialmente cada região cultua suas próprias divindades, os ancestrais.
As divindades estrangeiras podem ser aceitas
inteiramente nos santuários dos Voduns locais, embora permaneçam sempre como
estrangeiros. O mesmo tratamento é dado em terras yorubás aos Voduns
originários de outras regiões.
Dahomey, cuja capital
era Abomey, foi o principal reino da história do atual Benin.
Seu poderio militar formado por bravos
guerreiros e amazonas era temido por todos os reinos vizinhos que foram sendo
conquistados.
O exército do rei era dividido em duas partes:
o regimento permanente e o regimento das coletas tribais (prisioneiro). Esses
prisioneiros eram treinados para serem guerreiros do rei e as mulheres, em
especial, eram enviadas ao regimento das amazonas onde aprendiam a lutar. Os
prisioneiros que se negavam a aderir as causas do rei eram sumariamente
executados ou vendidos como escravos. Os chefes das tribos conquistadas ficavam
reservados para serem executados durante o festival anual de ancestrais, em
memória dos reis mortos. Suas cabeças eram decapitadas e seu sangue oferecido
aos falecidos reis. Essa pratica aconteceu do séc. XVI até o séc. XVII.
O reino de Dahomey foi o maior exportador de
escravos para o nome mundo.
Vodou –
Vodoun – Vodum – Voodoo – Voudun – Vodu – Vudu – Hoodoo - etc.
A palavra vodou é de origem Ewe/Fon e significa força divina, espírito,
força espiritual. É usada pelo povo do oeste da África para designar os deuses
e ancestrais divinizados.
No século XVIII o rei Agajá consolidou as crenças de vários clãs e
aldeias, formando um “sistema espiritual dos Voduns”. Isso gerou uma enorme
variação do termo, devido a quantidade de dialetos usados por esses clãs e
aldeias, que somado a influência francesa, passaram a falar como entendiam.
Essa diversificação fonética dá-se também por conta dos idiomas de
pesquisadores que “invadiram” a África, em busca de conhecimento sobre o Vodou.
No Brasil, por exemplo, usamos o fonema Vodum.
A palavra Hoodoo não é uma variante de Vodou. O Hoodoo é uma sociedade
haitiana similar as que existem no Benin (Sociedade do Bo) e Ghana (Sociedade
Jou-Jou), onde pessoas são preparadas para ler oráculos e fazer fórmulas
mágicas usando elementos da flora, da fauna e do mineral.
Quando foi estabelecido o grande reino de Dahomey, lá não existia o
culto de Voduns. Nessa época, o atual rei sentia a necessidade de uma
assistência espiritual que o ajudasse a combater os problemas que o
atormentava. Mandou chamar um bokono (adivinho) e pediu que esse consultasse os
oráculos.
A conselho dos oráculos mandou vir de diversas regiões os Voduns e
construiu seus templos. Com isso Dahomey passou a sitiar diversos clãs e
aldeias de Voduns. Anos mais tarde, o rei Agajá fez a consolidação, como já foi
dito.
No período da escravidão, muitos daomeanos foram levados para o novo
mundo e com eles a cultura e o culto dos Voduns.
Os Voduns cultuados no Brasil são originário da África, sua práticas e
tradições se mantiveram intacta como era no Dahomey (atual Benin) desde o
começo dos tempos.
A nação Jeje sofreu por alguns anos uma queda em seus cultos, devido a
falta de informações. Os mais antigos preferiram levar para o túmulo seus
conhecimentos a passá-los aos que poderiam perpetuar os Voduns no Brasil.
Dos filhos de Jeje que ficaram perdidos, sem conhecimento sobre Voduns,
uns mudaram de nação e outros resolveram investigar, buscar, pesquisar suas
origens e levantar a bandeira da nação. Hoje, graças a essas pessoas, a nação
Jeje voltou a crescer e a seguir a cultura que foi deixada pelos escravos.
Hoje, encontramos kwes e pessoas que realmente sabem o Culto dos Voduns,
esses aprenderam na “própria carne” a passar seus conhecimentos e não deixar
que nossa nação venha a sofrer novos abalos ou quedas. Com a proliferação de
estudos e pesquisas sobre os Voduns, alguns dos mais velhos que ainda estão
vivos resolveram colaborar e nos passar alguns conhecimentos.
A primeira coisa que os adeptos do Jeje devem aprender é a diferença entre
Voduns e Orixás, (esse assunto vocês encontram no tópico Jeje África). Vodum é
Vodum, Orixá é Orixá; Oya não é Vodum Jô. Aziri não é Oxum, Naetê não é
Yemanja, etc.
Assim como na África, também fazemos Orixás dentro dos templos de Vodum,
mas isso não os transforma em Voduns, eles são considerados deuses
estrangeiros, aceitos em nossos templos. Esses Orixás são tão respeitados e
venerados quanto os Voduns. Não existe discriminação nenhuma em relação aos
dois deuses (Voduns/Orixás). Em templos de Orixás, também encontramos Voduns
feitos, a única diferença é que no Jeje, não mudamos os nomes dos Orixás. Para
nós Oya, Yansã são conhecida exatamente como Oya, Yansã. Já os Voduns em
templos de Orixás mudam de nome, por exemplo, Vodum Dan/Bessen recebe o nome de
Oxumarê, Sakpata recebe o nome de Omolu, etc. Esse diferença também é
registrada na Nigéria, então, não é “coisa de brasileiro”.
Falar sobre os Voduns é uma tarefa de
muita responsabilidade
Os Voduns são agrupados por famílias; Savaluno, Dambirá, Davice,
Hevioso; que se subdividem em linhagens.
A sociedade daomeana é patrilinear e polígena, isto é, dá-se por linha
paterna; o homem é casado com diversas mulheres. A sociedade organiza-se em
sibs, grupos de irmãos que têm a mesma mãe e o mesmo pai, sem base territorial
própria e subdividem-se em famílias.
Dá-se conta de 450 Voduns; alguns cultuados no Brasil outros não.
Acredita-se que com esse resgate poderá se ampliar nossos cultos e voltar a
reverenciar Voduns, que tinham desaparecido devido a falta de informações,
assim como admitir em templos esses Voduns encontrados.
O Brasil herdou vastos panteões de divindades que ficaram regionalizados
de maneira que somente alguns Voduns tiveram domínio nacional
Vodum evoca o mistério e tudo que se refere ao divino.Desta maneira,a
suspeita é retirada pelo menos no que diz respeito à essência ainda que
permaneça nas manifestações um tanto que desviadas do fenômeno Vodum.
Na verdade, todos os elementos do universo são implicados no fenômeno
Vodum. Não é o que a mentalidade da imaginação do sul do Benin concebe de uma
cosmogênese de Vodum: Vodum não é o gerador nem o criador do universo,mas seu
elo com tudo da natureza,é uma mediação e a proteção do homem.
A religiosidade se manifesta num homem
através do fenômeno Vodum,a motivação para que ele faça e use símbolos que
representem seu Vodum. Além disso os homens dizem que Vodum é um mistério, é o
inefável quando se concentram nos elementos naturais, é o extraordinário, o
herói e o poderoso em questões de existência humana.
O Fá, mensageiro do Vodum, intervém
enquanto a criança está no útero materno.
Identifica o destino e se necessário,o
altera. Semelhante a todos os nascimentos e através das situações existentes,
Fá participa das iniciações dos Voduns. Curiosamente e paradoxalmente Vodum não
acompanha seu iniciado na morte física. No enterro de um vodunsi são feitos
rituais para remover o Vodum do morto. Aqui encontramos dois significados
importantes:
1)O Vodum toma conta dos vivos e não dos mortos.
1)O Vodum toma conta dos vivos e não dos mortos.
2)Vodum é um intermediário entre seu
iniciado e Mawu e, quando ocorre a morte física, Vodum volta para Mawu.
Como princípio de mediação, Vodum
tem um papel importante na organização da sociedade humana.
Texto Adaptado por Ifatola
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